quinta-feira, junho 24, 2004

Aprendizagem

Como é lenta esta aprendizagem
que te leva para longe de mim.
Como é fragil e imperceptível
o bafo das tuas recordações,
o calor das tuas palavras fendidas
na funda ferida do espelho.


Diz-me, hóspede meu,
como sobremorrer à ventura
de uma vida
encastoada no pulmão de outra vida.

Se quizeres não me digas agora:
faz frio e esta noite está vazia,
fria e vazia como um cego ás portas
do nada.


Espera até amanhã:
virão pássaros com fogo nos olhos
e gotas de céu estrelado
no pulmao do abandono nocturno.
Posso aperceber-me da altura do seu voo,
sinto já como batem à porta
do arcanjo e dos oásis distantes.


Jaume Pont