E tinhas, afinal, olhos doentes,
o veludo das maos ja se esgarçava;
nem era inteligente o que dizias,
nem elegante o gesto que hesitavas.
Por sorte, algum mau gene imprudente
te dera um vago encanto adolescente,
e o prestígio banal do invisível,
risível quanto seja, te guardava.
Por isso me deixei prender; tentado
a ser o manso tolo do romance,
servi sem jeito inquietaçao a rodos.
Ah, afinal, o teu sorriso era trejeito
a fala sem razao e sem nuance,
nem tinhas, numa mao, os dedos todos.
António Franco Alexandre