domingo, janeiro 09, 2005

A cegueira das paixoes

E tinhas, afinal, olhos doentes,
o veludo das maos ja se esgarçava;
nem era inteligente o que dizias,
nem elegante o gesto que hesitavas.
Por sorte, algum mau gene imprudente
te dera um vago encanto adolescente,
e o prestígio banal do invisível,
risível quanto seja, te guardava.
Por isso me deixei prender; tentado
a ser o manso tolo do romance,
servi sem jeito inquietaçao a rodos.
Ah, afinal, o teu sorriso era trejeito
a fala sem razao e sem nuance,
nem tinhas, numa mao, os dedos todos.

António Franco Alexandre

1 Comments:

Blogger Borja Santos Porras diz...

Nacido con un alma normal, le pedí otra a la música: ése fue el comienzo de desastres maravillosos...

E.M.Cioran

segunda-feira, janeiro 10, 2005 3:52:00 da tarde  

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