sexta-feira, novembro 11, 2005

Lembras-te quando apagava mal os cigarros?


Ficavam fumegando no cinzeiro. Descaradamente atentos ás tuas miradas, á minha boca. Eu não falava muito. Hoje ainda, há dias em que quase não falo. Recolho-me da palavra que brota. Ás vezes sou violenta e falo. Falo tudo. E quase nunca me sigo o sentido. Então dúvido.Não sei ... Deixo que as palavras me rompam os lábios. Algum dia haverá nelas luz. Lembras-te quando falávamos os dois?
Morreram as flores de tília que a tua mãe vinha regar. Eu deixei que morressem. Foi, sim, bem sei, cruel. Nunca quiz ninguém aqui.
Ainda gosto do fumo que sobe subtilmente, pedindo desculpa ao ar por se escapar. Por aqui.Não,não agora por alí. E assim, ondeando, como eu.
Perdi por completo a noção do tempo. Não sei se já te foste, realmente. Realmente, com realismo, falando das coisas que são, não sei.
Sei que morreram as flores de tília.
Nascem agora açucenas.