sábado, julho 17, 2004

Recado

ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tue morte
 
vai até onde ninguém te possa falar
ou reconhecer - vai por esse campo
de crateras extintas - vai por essa porta
de água tao vasta quanto a noite
 
deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertingem do voo - deixa
que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coraçao - ouve-me
 
que o dia te seja limpo
e para lá da pele constrói o arco de sal
a morada eterna - omar por onde fugirá
o etéreo visitante desta noite
 
nao esqueças o navio carregado de lumes
de desejos em poeira - nao esqueças o ouro
o marfim - os sessenta comprimidos letais
ao pequeno-almoço
 
Al Berto